A vós buscando vou!
Gregório de Matos Guerra foi uma figura muito polêmica, e viveu o drama barroco. O homem barroco vivia a filosofia maniqueísta de céu x inferno, alma x carne, luz x sombra...
Convém falarmos da vida de Gregório de Matos. Nasceu em Salvador à 23 de dezembro de 1636 e seguiu estudos mais tarde para cânone, formando-se com 27 anos. Vai para Portugal estudar em Lisboa e de volta ao Brasil assume cargo de juiz da Sé, em Salvador, depois é nomeado desembargador e depois tesoureiro-mor. Ali cria muitas inimizades a partir da confecção de seus poemas extremamente SATÍRICOS.
É dessa época que ganha o apelido de "Boca do Inferno", pois começa a satirizar não só padres, freiras, a igreja em geral, como toda a sociedade baiana. Ganha um severo inimigo, o frei João da Madre de Deus. Este tentava o obrigar a usar a batina, mas o Boca do Inferno se recusava.
Logo, virou inimizade do governador baiano Coutinho, por suas sátiras, e sofreu ameaças. Assim, em 1694, mudou-se para Angola. Lá, ajuda o governo local a combater revoltosos e ganha direito de voltar ao Brasil. Porém, direciona-se à Recife e lá se instala, mas não por muito tempo, pois contrai uma febre dessa viagem de volta e morre, em 1695.
Porém, o grande gozador da sociedade corruptora baiana saiu dessa para uma melhor não sem antes fazer sua última grande piada: invocou dois padres para comparecer em seu leito de morte. Antes de morrer, pede que os padres fiquem um de cada lado e declara: "Morrerei como Jesus na cruz, ao lado de dois ladrões".
Assim encerra-se a vida do maior poeta barroco brasileiro. Grande gênio das sátiras, odiado por uns e amado por outros. Esse é o contraste barroco.
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