"Quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida.
Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é agitação feroz e sem finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta."
Neste poema, Bandeira retrata uma típica cena cotidiana. Como era de praxe na poesia modernista, Bandeira mostra que a poesia pode surgir a qualquer momento, sendo concebida nos momentos mais simples do cotidiano. A beleza se esconde nos fatos mais banais, a ternura está nas coisas mais simples. Por sua constante proximidade com a morte. Manuel Bandeira observa este cotidiano como uma coisa querida e distante.
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