Estamos em 2019, e o ENEM abrirá suas inscrições entre 6 a 17 de maio.
Acompanhamos na TV, semanas atrás, alguns anúncios de mudanças para o exame, onde, até 2021 haverá uma redução do número de questões, o que tornará as questões do exame com maior grau de complexidade.
Para a redação, acredito que esse ano já teremos mudanças, pois houve mudança de ideologia de governo (política pura!). Assim, poderemos ter algo relacionado a fatos históricos, ou controle midiático, por exemplo. Vamos ficar atentos.
Contudo, quero apresentar uma redação nota 1000 e analisá-la. A redação foi feita em 2015, sob o tema: "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira".
“Permeada pela desigualdade de gênero, a história brasileira deixa clara a posição inferior imposta a todas as mulheres. Essas, mesmo após a conquista do acesso ao voto, ensino e trabalho – negado por séculos – permanecem vítimas da violência, uma realidade que ceifa vidas e as priva do direito a terem sua integridade física e moral protegida.
O machismo e a misoginia são promovidos pela própria sociedade. Meninas são ensinadas a aceitar a submissão ao posicionamento masculino, ainda que estejam inclusas agressões e violência , do abuso psicológico ao sexual. Os meninos, por sua vez, têm seu caráter construído à medida que absorvem valores patriarcais e abusivos, os quais serão repetidos em suas condutas ulteriores.
Um dos conceitos filosóficos de Francis Bacon, que declara o comportamento humano como contagioso, se aplica perfeitamente à situação. A violência de gênero, conforme permanece a ser reproduzida, torna-se enraizada e frequente. Concomitantemente, a voz das mulheres é silenciada e suas manifestações são reprimidas, o que favorece o mantimento das atitudes misóginas.
O ensino veta todo e qualquer tipo de instrução a respeito do feminismo e da igualdade de gênero e contribui com a perpetuação da ignorância e do consequente preconceito. Ademais, os veículos de comunicação pouco abordam a temática, enquanto o Estado colabora com a Lei Maria da Penha, nem sempre eficaz, e com unidades da Delegacia da Mulher, em número insuficiente.
Entende-se, diante do exposto, a real necessidade de ações governamentais que garantam que a lei puna todos os tipos de violência , além da instalação de delegacias específicas em áreas necessitadas. Cabe à sociedade, em parceria com a mídia e com as escolas, instruções sobre igualdade de gênero e campanhas de oposição à violência contra as mulheres. Essas, por sua vez, devem permanecer unidas, através do feminismo, em busca da garantia de seus direitos básicos e seu bem-estar social.” Julia Pereira
Como podemos observar, a candidata foi muito bem. Ela soube usar a norma-padrão, acrescentou vocábulos diferenciados, além de citações externas de pensadores (Francis Bacon). Isso ajuda a contar pontos, se bem colocado e relacionado com o tema.
Ela utilizou uma introdução de cunho histórico bem interessante, mostrando claramente uma posição favorável à posição da mulher, o que conferiu à redação uma visão humanística interessante e importantíssima.
no desenvolvimento, utilizou-se das citações, criou um argumento forte sobre a educação de viés machista e ainda relacionou as diferentes camadas da sociedade na questão do preconceito, palavra que traz um bom referencial para a redação.
Por fim, a conclusão foi uma solução bem apresentada, com uma perspectiva realista e coerente com as questões de cidadania e boas práticas sociais.
Se pretendemos fazer uma boa redação pense nisso: escreva de modo claro, objetivo, organizado, criativo, estimulante e engajado. Assim, teremos boas chances para o ENEM.
Boa sorte!
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